terça-feira, 12 de maio de 2009

A 8ª praga do Egito.


Um enxame.

Identificar o que são? Impossível.

A única coisa visível é a nuvem, densa formação de partículas indecifráveis.

Os contornos falam a mesma língua, denotam uma certa característica comum que impede qualquer tentativa de diferenciação. Uma massa de zumbidos inaudíveis.

A nuvem começa a se formar através da abertura de um estreito funil, toma forma rapidamente como no movimento de uma represa que rompe a barragem sem pedir permissão. Em instantes a tempestade já está armada.

Cada qual protegendo o seu grão de pólen, precioso prêmio da labuta diária. Não há nada senão movimento, enxurrada de reflexos condicionados.

Os atalhos mais concorridos somem de vista. São como insetos que, guiados por algum sentido aguçado, sabem exatamente para onde seguir sem prestar atenção aos lados.

Uma praga.

Qualquer resistência é abafada, não há voz, não há silêncio, não há nada senão movimento que arrasta, arrasa.

Sem sobras.

Devastação.

Ó Pai dos Pais, engendrador supremo, será que resta alguma dúvida quanto à natureza da 8ª praga do Egito? Aquela criada a partir da tua imagem e semelhança?

Relato de um dia no metrô de SP, escrito por Francisco Carvalho, às 22:26 de quarta feira – 12 de maio de 2009.

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