quarta-feira, 30 de maio de 2012

O que um rabo faz...



O que destaca o cachorro do resto da humanidade é o rabo. O rabo não mente, é transparente como o cristal. Se o bicho está feliz, lá vem o rabo denunciar o estado de espírito, se está triste, não é o focinho o arauto da melancolia, mas o rabo. Com o rabo não tem trapaças, as coisas são o que são. Por isso que o cachorro nunca é pego na máquina detectora de mentiras. Quem tem rabo não mente. O cachorro nunca mente. Não confio em cachorro sem rabo, muito menos em dono de cachorro que corta o rabo do bicho, é uma violência atroz a dignidade animal, praticamente uma tentativa indiscriminada de humanizar o pobre coitado. Cão sem rabo fica mais próximo do homem, que tem por princípio carregar dentro de si um homo-hipócritas. O homem mente. Se tivesse rabo não mentiria, ou melhor, seria pego pelo próprio mecanismo denunciante da falcatrua: o rabo entre as pernas. Imagine o Cachoeira de rabo... não haveria nenhuma necessidade de CPI, o cidadão iria direto para a cadeia e com o rabo entre as pernas. Seria o fim da justiça, dos juízes, dos advogados, daqueles senhores que vivem com capa preta nas costas desferindo palavras de português na sua norma culta. Com o rabo não tem mulher nenhuma com os olhos vendados, segurando uma balança. Tudo se desvenda na presença de um rabo. O rabo não é instruído, não precisa de instrução. O rabo é a maior vantagem evolutiva do cão em relação a nós. O homem só é amigo do cachorro por um profundo sentimento de inveja, isso porque sabe que nunca poderá ter um rabo acoplado no meio do fiofó. Só um rabo já seria suficiente para tirar o homem da sua miséria, mas quis a providência divina que o cão tivesse rabo, não o homem. Ai ai... que saudades dos meus cães.

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