Reviravolta no caso do Sr. Rodolfo Caetano Melo Cunha,
ex-empresário e dono do já falido, mas outrora famosíssimo, Parque de Diversões
Melo Cunha, condenado à prisão perpétua na ocasião da morte do Sr. Alberto
Giro, técnico-operador da Roda Gigante Gira-Mundo, uma das atrações mais
concorridas do empreendimento – fato trágico que teve notícia nos principais
jornais da cidade, apontando para Melo Cunha a responsabilidade pelo acidente
que veio a levar a morte de Giro, tendo em vista que Alberto Giro, segundo
testemunhas, despencou do alto do equipamento numa bateria corriqueira de
testes. Nenhum funcionário, ao que se lê nas laudas do processo jurídico aberto
na sequência do triste evento, respeitava qualquer das legislações concernentes
a segurança do trabalho, argumento decisivo para a condenação do empresário,
hoje ex-empresário, dono do já falido Parque de Diversões Melo Cunha, o Sr.
Rodolfo Caetano Melo Cunha. Hoje, passados mais de trinta anos do ocorrido,
mediante a desocupação da cova ocupada pelo técnico-operador Alberto Giro,
prática mais do que normal, tendo em vista o enorme fluxo de cadáveres que o
cemitério da cidade é obrigado a gerenciar, descobriu-se um bilhete escrito à
mão, enfiado no bolso do paletó onde outrora havia o corpo do Sr. Giro, hoje esvaziado,
em nada lembrando que um dia houvera por ali um tal de Sr. Alberto Giro, o
técnico-operador da Roga Gigante Gira-Mundo, senão pelos ossos que ainda
sobravam. O tal do bilhete dizia que, curioso por saber a razão de tanta
felicidade estampada nos rostos das pessoas que subiam na sua Roda Gigante, ele
próprio, o Sr. Giro, resolveu, sozinho, escalar o equipamento para, lá de cima,
tentar decifrar esse mistério, haja vista que não só ele, como grande parte da humanidade
que fincava os pés no chão, vivia constantemente em depressão. Chegando no topo
da Gira-Mundo, a Roda Gigante, ele, o Sr. Giro, nada de especial encontrou,
coisa que o levou a um profundo desespero, não sobrando outra alternativa senão
se jogar lá de cima. Tomando ciência desse novo e surpreendente fato, as
autoridades correram para libertar da cadeia o Sr. Rodolfo Caetano Melo Cunha.
Mas chegaram tarde demais. O Sr Melo Cunha foi encontrado morto em sua cela,
placidamente deitado na cama, com uma revistinha em quadrinhos apoiada sobre o
peito. Parecia que, finalmente, descansava em paz.
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