segunda-feira, 1 de abril de 2013

#9



Espera-se muito
E com outros muitos
Ainda se houvesse um jeito outro de esperar só
Se nascer e morrer são monólogos 
Quem consagrou o recheio disso como enredo de ópera?
Ainda se houvesse música
Mas o que em regra se ouve é sinfonia muda
E na pausa do tocar um continente de ociosos junta-se pro jantar
De que serve esta mesa senão para servir sopas coletivas?
Todos a sorver, banguelas, o vazio incomensurável de suas vidas...
Mas notar isso não fazem questão
O vizinho é essa coisa poderosa
Um facilitador da digestão...
Há sempre alguém pronto a brindar suas misérias
A mocinha dentuça que de boca aberta ronca, indiscreta, seus pecados
O senhor trombudo que do cenho franzido se diz filósofo sem ser inquirido
E assim, caminha-se sem caminhar
Fincando estacas na morbidez do ajuntar
E eu aqui, só e junto
Parte dos outros muitos que insisto em evitar...

...

...

Nenhum comentário:

Postar um comentário