quarta-feira, 17 de abril de 2013

O ATOR E A DOR...




Não saberia reconhecer os que atores se dizem
Sem que do palco temam
Esses que o escalam com a alvura das graças
Tornando-o chalaça 
De um mero desejo de aparecer...
Não tomo esses como sensatos
Cabe ao ator um ofício dos mais ingratos
Fincar os pés nesse terreno baldio
Suportando as dores do ver-se visto
E nisto prevalecer
Emprestando-se não a si, ou aos outros, que seja
Mas a invisibilidade da própria postura
Um morrer de si, com todo o sofrimento de um dia ter vivido
Para num estalo haver nascido
Noutro que existe suprimido...
Não considero quem disso escapa
Fazendo da arte pirraça
Ou um estado de graça...
Nada disso ao artista compete
O verdadeiro talento mistura-se ao sofrimento
De padecer aos pedaços e aos cacos
E se erige monumentos, seu autor, digo
É para implodi-los ao final dos atos
Esse sim é o que fica
O que despede-se todo dia
Reunindo o que resta 
Pouco sabendo se amanhã haverá
A mesma festa...

...


...

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