segunda-feira, 22 de abril de 2013

UM QUASE ALGO...



Lá adiante o espetáculo em curso
E no intervalo da sombra e da luz
Eis-me aqui, enxergando o ator que ainda não pisou o palco, na iminência de existir para o público que mal suspeita da sua figura
Que graça ver o ator no aquecimento da sua postura
Ainda ausente da mentira de sua máscara
Mas também outro que aquele vestido para a vida
Ele está no meio disso tudo
Esperando para ser quem não se é
Fingindo viver a vida que não tem
Um de carne e osso, outro de poeira que num sopro foge pelo vento
É e não é os dois, ao mesmo tempo
Na beirada de um precipício
Nem a salvo nem seguro
Lá está ele, meio ator meio personagem
Na distância de um único e incontornável passo...
Essa é a zona neutra da poesia
A zona por excelência da poesia!
Nem sombra nem luz
Somente uma faixa de penumbra
Híbrida por completo
Um quase alguma coisa
Que por ser quase esconde a potência do que está por vir...
Que maravilha de espetáculo esconde-se dos olhos do espectador
Só visível aos que esgueiram-se pelos esqueletos dos teatros...

...

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