quinta-feira, 27 de junho de 2013

INDO...


Imagino que caminho
Mas não pelo meio
Pelas bordas é por onde ando
De caminho certeiro não sou feito
Pelo meio vão os que miram horizontes
Estufando o peito com sabedorias abstratas
Eu apenas enxergo o que meus olhos veem
Um par de sentinelas de alcance curto
E se me colocam em movimento, é pra coisa breve
Incapaz de durar por longa jornada
Vejo e pronto
Mais nada...

Caminho, imagino
E sem bandeiras para destino nenhum, ando
E vou indo
Passo adiante
Um por um
Se aparece uma pedra à minha frente
Eu chuto, e vou seguindo
É disso de que sou feito
Ou do que faço minha matéria
Matéria essa que é o meu vagar -
Um tronco de árvore seca
A lama úmida da chuva da véspera
Um cão vira-lata que me força uma parada
Se ele aparece, o cão
Paro meu mundo na hora
E afagando suas orelhas, interrompo meus passos
Sem custo por demora...
É disso que faço meu andar
Obstáculos estreitos que aparecem sem explicar...
É nesse caminho que meu passos andam
Imagino...

Não vou pelo meio, como os outros fazem
Indo juntos, confiantes
Marchando em uníssono
Por passos loquazes...
De bolso vazio, eu vou indo
Ou cheio só um pouco
O bolso
De burburinho...

Assim faço meu caminho
Caminho sem gente
Só eu junto
E todo sozinho...

Sou desses de esquinas dobradas
Avançando não sei como
Mas indo, imagino
Passo a passo
Como quem não quer nada...

...

...

Nenhum comentário:

Postar um comentário