O Escultor de Bustos de Bronze, acostumado que estava a
eternizar personalidades dignas de memória, morreu, não havendo um único Santos
Dummont ou Pedro Álvares Cabral que lhe rogasse aplausos pelos anos dedicados
ao metal fundido. Trágica condição a desse Escultor de Bustos de Bronze, já
que, uma vez vivo, e sábio o suficiente por compreender que seria condenado ao
ostracismo caso orientasse a sua vida à causa dos de carne e osso, não coube em tempo,
ou, descobriu tarde demais – já na condição de defunto, que os monumentos são
invariavelmente sádicos pelo lado oposto ao dos vivos, uma vez que,
silenciosos, não servem para muita coisa a não ser virar ponto de referência
aos dormitórios de mendigos, quando muito alvo dos vira-latas mijões, talvez
uma vingança justa, já que, uma vez envernizados na condenação da eternidade,
não passam de espectros vazios, e, se são feitos para durar, só duram porque
nada mais significam, tal qual esse nosso escultor de bustos de bronze, que
agora sumiu sem que houvéssemos sequer lembrança pelo seu nome, quiçá uma
estátua de gesso que nos pudesse dizer: esse, um dia, existiu...
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