terça-feira, 29 de outubro de 2013

Já fui o que pude ser...

Quando fui jovem
Já velho era
E agora que velho sou, de jovem só tenho isso:
Memória de jovem nunca ter sido.

Já vim com os sobrolhos enrugados da desconfiança
Escolhido desde cedo para descrer
Quando a juventude inspirava ares de esperanças, eu calava rindo
Num mundo que nunca pude ver.

Assim cresci, assim venho morrendo
E falhando nas vistas para o horizonte
Resisto ao adiante
Voltando para dentro.

Porque em mim sei que funciona assim
Sou o que sempre fui
Sem jeito outro de ser senão esse
Condenado a comigo padecer.

Boa sentença essa!
Porque do velho guardo isso:
De tanto cansar de viver o mundo
Sabe que a vida é só consigo.

E se naufraga sozinho
É por teimosia em homenagear
Aquilo que sempre existiu
Sem que houvesse jeito de mudar

...


...

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