segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A morte de um velho...

Li em algum lugar que um velho morreu
Tinha um não sei quantos anos acumulados, décadas de vida que a minha juventude, ainda ignorante, mal pode suspeitar.
Um velho que teve a sorte de realizar algo de notória importância e por isso ganhou o direito de ter a sua morte noticiada.
Não existe mais. Acabou.
Mas os seus feitos não me comovem. 
O que desperta minha admiração é o fato dele ter morrido já em idade avançada, imaginando o quanto teve a sorte de ter vivido lá atrás, quando eu ainda nem mesmo sonhava em existir.
Eu vim atrasado.
Ou foi o mundo que chegou depois?
Como eu gostaria de ter acontecido antes
No tempo em que esse velho que acaba de morrer era jovem como eu sou agora
E nós dois, eu e o velho, pudéssemos ter sido amigos.
Por que o movimento das coisas caminha no sentido do acúmulo, do excesso, da multiplicação de barulhos, pessoas e lugares?
Como deve ter sido mais tranquilo os tempos de menino desse velho que hoje nem mais velho é, desistiu de tudo
Morreu
A paisagem devia ser menos ostensiva
As personagens menos recorrentes
Os aromas mais distinguíveis...
Em algum lugar um outro velho como esse que acaba de morrer também prepara-se para despedir-se
Ele também, como o primeiro, ganha minhas letras de melancolia
Por um mundo que tantos já viram
Exceto eu...

...

...

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