sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Mais nada...

Não suporto
Como podem os outros suportar?
Vivem o que são numa tranquilidade mórbida
Sem olhos para absurdo algum
Derretendo os dias assim:
Passando...
Como podem os outros eliminar o único sentido palpável da existência?
A indignação por existir!
Ter de acordar, reconhecer que o sol lá está
No mesmo lugar que antes, queimando com a mesma força, e morrendo como sempre!
A paisagem não mudou, não muda nunca!
Tantos de nós já se foram e ela lá está
O mesmo cenário que a nenhum coube fazer outro
E se algumas folhas caíram é porque voltarão a crescer no mesmo galho de sempre
A minha rua será sempre a minha rua
Jamais conseguirei livrar-me da minha terra
Tudo no mesmo lugar, tudo do mesmo, tudo incrustado em mim
Até que um dia, fim
Nada mais há!
E as pessoas tratam isso com tal naturalidade
Como se viver fosse um eterno esparramar
Um círculo vicioso de personagens que vem e que vão
E eu entre eles
Mais um deles
Tão pequeno e sem recheio
Outra das folhas
Que caem
Seguidas por nova florada
Um vento e pronto
Mais nada...


...

...

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