O testador de fósforos Jota do Rosário ganhava a vida
testando fósforos. Riscava um depois outro, e se as cabeças recheadas de pólvora
respondessem positivamente à fricção na lixa, ele, Jota do Rosário o testador
de fósforos, embalava o lote carimbando um desenho de OK em tinta azul por cima
da caixa. Caso contrário, não havendo chama, os palitos eram descartados e um
relatório minucioso deveria ser feito para justificar o desperdício. No dia em
que morreu, Jota do Rosário sabia que o seu destino era ser cremado, desejo que
deixara claro aos amigos e familiares que prontamente organizaram a cerimônia.
As labaredas que alimentavam o forno crematório funcionaram excelentemente,
reduzindo em poucos segundos Jota do Rosário, o testador de fósforos, em um
punhado de cinzas, e agora, portanto, um ex-testador de fósforos, já sem propósito
algum em continuar sendo chamado pelo nome que antes, sendo o testador de fósforos,
tinha, ou seja, Jota do Rosário. O único senão, culpa de uma morte não
anunciada, esteve a cargo da justificativa pela qual o destino falhara em sua
promessa, ceifando inesperadamente vida tão altiva quanto a de Jota do Rosário.
E sobre isso não há resposta, tampouco carimbo com tinta azul, somente silêncio.
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