segunda-feira, 7 de abril de 2014


Quem disse que as banalidades são inúteis? 
Quem ousaria afirmar que os funcionários do cotidiano são desprezíveis em suas pequenas ações?
Lá adiante, um homem estica um rodo imenso cuja extremidade desliza suavemente pela superfície dos vidros de um prédio de escritórios; ele, o homem, no chão, a realizar tão meticulosa tarefa em alturas tão maiores que a sua própria.
Será que esse homem leu Platão?
Teria ele sido instruído nas belas artes da poesia?
E, no entanto, é tão poeta ou melhor do que eu o sou, incapaz que seria em repetir as suas rimas gestuais, metrificadas no silêncio ignorante, ou ignorado pelos outros que sábios se tomam.
Veja se a vida não é injusta!
Tomássemos nós atenção às banalidades
Banais tornaríamos
Vergonhosos de tanta empáfia abstrata
Fazedores de sentido onde sentido algum há!
Obrigado ao firmamento por colocar-me agora nesse camarote onde posso eu testemunhar a minha grandiosa bestialidade
Rendendo aplausos ao sujeito que aplaudido
Nunca desejou ou quis ser!

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