sexta-feira, 16 de maio de 2014

# Fins Imerecidos: O aspirante à genialidade


Buscando na ciência da história a equação da genialidade, houve por descobrir que todo artista dignatário da página de ouro da eternidade fora em vida um louco de pedra. De posse de tão preciosa informação, subiu de imediato no parapeito do prédio onde morava e imitou uma pata-choca para o horizonte a fim de aspirar os primeiros vapores da inspiração poética que o levariam ao carimbo da lembrança dos viventes. Não contava com outro vento, o da natureza mesmo, aquele que sopra porque sopra, sem avaliar os merecedores de nada e juntando no mesmo balaio os paquidermes, mentecaptos e gênios. Na ocasião do seu enterro, a única obra visível era a lápide cinza-granito, tão emparelhada com outras semelhantes que não se sabia distinguir se entre as almas penadas era ele, verdadeiramente, o mais destacado dessa nova sociedade de invisíveis. Entrou assim para a história, morrendo num ímpeto forjado de loucura, e sem deixar qualquer memória.

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