quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Fábulas: # A assembléia dos pavões...


Na pequena sociedade rural coube aos pavões letrados a tarefa de representar os demais bichos nas questões referentes ao bem estar social. Uma assembléia de pavões era armada uma vez ao mês para que cada pavão pudesse, cada um em seu tempo, diagnosticar e prever soluções para os entraves éticos e morais da granja. Porém, como é do feitio de todo pavão, em especial dos pavões letrados, mal começavam a falar e já esbanjavam beleza própria ao ostentar suas penas ao vizinho. E como cada vizinho também era um pavão ostentador, e também letrado, ao invés de nutrir inveja pelo espetáculo do concorrente, ao contrário, respondia a ele com outra abertura fulminante, agora do seu próprio leque colorido. Ao cabo de todas as apresentações preliminares, enfim, a assembléia podia ter início, e assim tocar, finalmente, no cerne das angústias referentes ao andamento da granja. Porém, afogados que estavam em seus chumaços enfeitados e nunca recolhidos, já que é do feitio dos pavões, em especial dos pavões letrados, nunca arrefecer em seus princípios paradigmáticos, ninguém mais se via, cada um refém das plumas alheias, que ao roçarem narinas imprevistas, produziam uma sinfonia esquisita de espirros e interjeições várias. E assim, impossibilitados de resolver qualquer coisa, os pavões letrados, como é do feitio dos pavões, em especial dos pavões letrados, remarcavam um novo encontro, para dessa vez, e finalmente, tentar resolver alguma coisa concernente aos entraves éticos e morais da granja... Longe um do outro, como é do feitio dos pavões, em especial dos pavões letrados, cada qual recolhia sua cauda espetaculosa, voltando a ser, individualmente e solitários, pouco mais que uma ave semelhante às galinhas D'Angola...

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